Uma tarde de Outono

Levantaram-se e saíram! Ele desejou ir para o automóvel.. o velho poisé . Porém, ela trocou-lhe os desejos! Em vez da intimidade do espaço fechado, onde as mãos poderiam circular e o diálogo da pele dar seqüência ao diálogo ainda quente das palavras e olhares, ela saiu para a extensão da areia deserta e do horizonte infinito daquela tarde do Outono.. Ele a seguia.. Se pôs descalço e, com a jaqueta atirada sobre o ombro, seguiu-a..

“- Que se lixem!.. não quero saber dos usuários da lan hj!” – observou ele, rememorando por momentos, os compromissos profissionais da tarde.

Tentou passar-lhe o braço pelos ombros, aconchegando-a, mas ela desfez a carícia. Soltou os belos encaracolados em cascata, sacudiu a cabeça de forma rebelde e seguiu a caminhar de forma cadenciada. O sol ainda quente, queimava os poros.. Uns passos atrás ele segui-a, sempre!... Dominado o impulso! Serenando o sangue! Tecendo caprichos no encanto do daquele caminhar feminino! Os passos deixavam a marca da passagem de um homem e de uma mulher na solidão da tarde, que caía!..

- “ Quero tua nudez!..” disse ele, num murmúrio, saído do âmago do desejo, que ela tão bem adivinhava..

Voltou-se, num sorriso. E, sem nada o fazer prever, deixou cair das mãos as sandálias, soltou as alças do vestido e a nudez soberba de seu corpo explodiu na serenidade plena da tarde... Um homem perplexo, uma mulher nua e a paisagem, apenas! Sem outra glória, nem crime. Apenas o crepitar do momento único..

Correu, como corça acossada, desejando o fogo predador. Ele a chamou de garota sem noção e sorriu!... Dobrou-se, alcançou as peças de roupa abandonada e segui-a. A passo, antecipando o momento... Saboreando o prazer pagão de dádiva! ...

Metros adiante, oculta por uma rocha milenar, com as ondas beijando-lhe os pés, estendida no alcochoado da fina areia, ela ali estava a espera do encontro..

- “Ofereço-te o livro do meu corpo, saberás ler as suas páginas?!... “ – exclamou ela, em convite sorridente...

E num comovido sorriso ele a amou..

Precisa comentar?Hummmm..Trata-se apenas de um texto muito sugestivo que nos transporta para dimensões oníricas levemente cinematográficas. Revelando o desejo entre um homem e uma mulher. A busca.. Sequências quase tórridas para este frio que ainda persiste em pleno Setembro..

Um terno abraço..

Eu disse tudo..

Eu disse tudo.. Assim como quem despeja um balde.. fui dizendo meus sentimentos, meus olhares ansiosos, meus pensamentos, minhas angústias, meus desejos.. Disse tudo a ele. Não como alguém que espera um retorno, mas como alguém que busca a paz.. Não costumo esconder por muito tempo sentimentos que afloram dentro de mim..

A vida é uma teia de sentimentos entrelaçados, ora embaraçados, ora desimpedidos. Acertar ou errar, não é questão de sorte, mas de um plano que está muito além de nós.. Aquém de nós está somente a ânsia. E é assim que tenho passado os meus dias..

Quando disse a ele o que sentia, foi como um rio desembocando no mar.. Um alívio imediato. Ele poderia ter-me dito algo desagradável, ou poderia ter-se reservado ao direito de nada dizer-me. Mas, no entanto, a surpresa de notá-lo tão amável me desmanchou. Entendeu-me como um amigo íntimo que estende a mão ao outro no precipício..

E foi assim.. Ele se tornou importante para mim sem saber. Por isso deixo agora aqui um registro de admiração por alguém tão lindo!

Eu amo você!

Justiceiro

"Justiceiro é o sutiã, que oprime os grandes, levanta os caídos, protege e disfarça os pequenos e ainda atua, sem distinção política, na esquerda e na direita."

^^